sábado, 27 de julho de 2013

O que o Papa Francisco trouxe até agora de novo 26/07/2013


  É arriscado fazer um balanço do pontificado de Francisco pois o tempo decorrido não é suficiente para termos uma visão de conjunto. Numa espécie de leitura de cego que capta apenas os pontos relevantes, poderíamos elencar  alguns pontos.

1.Do inverno ecclesial à primavera: saimos de dois pontificados que se caracterizaram pela volta à grande disciplina e pelo controle das doutrinas. Tal estratégia criou uma espécie de inverno que congelou muitas iniciativas. Com o Papa Francisco, vindo de fora da velha cristandade européia, do Terceiro Mundo, trouxe esperança, alívio, alegria de viver e pensar a fé crista. A Igreja voltou a ser um lar espiritual.
         2.De uma fortaleza à uma casa aberta: Os dois Papas anteriores passaram a impressão de que a Igreja era uma fortaleza, cercada de inimigos contra os quais devíamos nos defender, especialmente o relativismo, a modernidade e a pós-modernidade. O Papa Francisco disse claramente: “quem se aproxima da Igreja deve encontrar as portas abertas e não fiscais da afândega da fé; “é melhor uma Igreja acidentada porque foi à rua do que uma Igreja doente e asfixiada porque ficou dentro do templo”. Portanto mais confiança que medo.
         3.De Papa a bispo de Roma: Todos os Pontífices anteriores se entendiam como Papas da Igreja universal, portadores do supremo poder sobre todos as demais igrejas e fiéis. Francisco prefrere se chamar bispo de Roma, resgatando a memória mais antiga da Igreja. Quer presidir na caridade e não pelo direito canônico, sendo apenas o primeiro entre iguais. Recusa o título de Sua Santidade, pois diz que “somos todos irmãos e irmãs”. Despojou-se de todos os títulos de poder e honra. O novo Anuário Pontifício que acaba de sair  cuja página inicial deveria trazer o nome do Papa com todos os títulos, agora aparece apenas assim: Francesco, bispo de Roma.
         4.Do palácio à hospedaria: O nome Francisco é mais que nome; sinaliza um outro projeto de Igreja na linha de São Francisco de Assis: “uma Igreja pobre para os pobres” como disse, humilde, simples, com “cheiro de ovelhas” e não de flores de altar. Por isso deixou o palácio papal e foi morar numa hospedaria, num quarto simples e comendo junto com os demais hóspedes.
         5.Da doutrina à prática: Não se apresenta como doutor mas como pastor. Fala a partir da prática, do sofrimento humano, da fome do mundo, dos imigrados da África, chegados à ilha de Lampedusa. Denuncia o fetichismo do dinheiro e o sistema financeiro mundial que martiriza inteiros países. Desta postura resgata as principais intuições da teologia da libertação, sem precisar citar o nome. Diz:”atualmente, se um cristão não é revolucionário, não é cristão; deve ser revolucionário da graça”. E continua:”é uma obrigação para o cristão envolver-se na política, pois a política é uma das formas mais altas da caridade”. E disse à Presidenta Cristina Kirchner:”é a primeira vez que temos um Papa peronista” pois nunca escondeu sua predileção pelo peronismo. Os Papas anteriores colocavam a política sob suspeita, alegando a eventual ideologização da fé.
         6.Da exclusividade à inclusão: Os Papas anteriores enfatizaram, especialmento Bento XVI a exclusividade da Igreja Católica, a única herdeira de Cristo fora da qual corre-se risco de perdição. O Francisco, bispo de Roma, prefere o diálogo entre as Igrejas numa perspectiva de inclusão, também com as demais religiões no sentido de reforçar a paz mundial.
         7. Da Igreja ao mundo: Os Papas anteriores davam centralidade à Igreja reforçando suas instituições e doutrinas. O Papa Francisco coloca o mundo, os pobres,  a proteção da Terra e o cuidado pela vida como as questões axiais. A questão é: como as Igrejas ajudam a salvaguardar a vitalidade da Terra e o futuro da vida?
         Como se depreende, são novos ares, nova música, novas palavras para velhos problemas que nos permitem pensar numa nova primavera da Igreja.

Leonardo Boff é teólogo e autor de Francisco de Assis e Francisco de Roma, Editora Mar de Ideias, Rio 2013.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Ser e ter mais médico, eis a questão (Por Pe. Tom)

O tema está no debate público e teve um duro movimento no último dia 19 quando o Conselho Federal de Medicina ajuizou ação civil pública para suspender o “Programa Mais Médicos”, já disparado pelo governo federal, e que recebeu na primeira semana a inscrição de 11.701 médicos, de 753 municípios. Apenas 2.335 formados no exterior. 915 estrangeiros. 

O programa foi criado para suprir a falta de médicos em regiões carentes, de alta vulnerabilidade social, onde o número de profissionais por 1.000 habitantes está longe de alcançar a média nacional, de 1,8 médicos. 

Nada menos do que 22 dos 26 estados mais o Distrito Federal estão abaixo dessa média. No Brasil das muitas diferenças e desigualdades, Rondônia tem 1,02 para cada mil, e há municípios, como São Francisco do Guaporé, em que essa realidade é mais desigual: 0,06 médico para cada mil moradores. 

A oposição da classe médica à decisão do governo de contratar profissionais do exterior caso não consiga êxito com brasileiros dentro das metas do “Mais Médicos” surgiu antes mesmo de se formatar o programa, quando o médico Alexandre Padilha, ministro da Saúde, anunciou tão somente a possibilidade de trazer profissionais de Cuba, excelência em medicina preventiva, elogiada em todo o mundo. 

Médicos que, por sua formação socialista, estão prontos a colaborar com chamados dessa natureza, dispostos inclusive a viver com o mínimo de conforto. Tocantins, Estado da nossa região Norte, teve experiência exitosa com profissionais cubanos na década de 90, e viveu batalha judicial patrocinada por médicos descompromissados com a saúde pública. 

Enfrentamos - e falo assim por ser da base de governo, ex-prefeito e solidário aos prefeitos de Rondônia que vivem aflição diária com a situação - oposição estranha e virulenta. 

Lamento, e acredito que essa “guerra” ao “Mais Médicos” desperdiça a energia que todos deveriam destinar ao esforço de levar médicos para onde a população mais precisa. Energia que deveria ser empregada para melhorar o programa, com os bons argumentos de cada parte na contenda, e não para se deter nos embaraços judiciais sobre a questão. 

Sei também que se não fossem valorosos médicos e enfermeiros muitos morreriam em leitos vazios de tudo, menos da compaixão, mas é preciso reconhecer que a falta de profissionais nos rincões distantes das faculdades e centros especializados em Medicina não é apenas por conta da baixa qualidade de vida e ausência da oportunidade de aperfeiçoamento nesses lugares, mas também por causa da má formação. 

Não sou eu quem diz mas renomados especialistas da área: há temor em atuar nessas regiões porque a formação de nossos médicos é cada vez mais atrelada à alta tecnologia utilizada em exames sofisticados, inexistentes e, vale dizer, em muitos e muitos casos desnecessários, em boa parte do país. O SUS precisa de clínico, de quem sabe diagnosticar problemas como os velhos doutores do passado. 

Baixo salário também não é impedimento. Prefeitos de municípios pequenos, de pouca receita, aqui, no Amazonas, Acre ou Pará, pagam R$ 20 mil ou mais e não acham médicos. É como procurar agulha num palheiro, e são castigados pelo Ministério Público se deixarem sem médicos os postos de saúde. 

Certamente quem está em Marechal Thaumaturgo (AC), onde há 0,28 médicos por 1.000 habitantes ou Nova Mamoré (RO), com 0,35, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (2011), reprova a posição do CFM, o mesmo valendo para pacientes que vivem o terror à porta de hospitais dos grandes centros urbanos. 

Pesquisa feita em 2011 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontou que, para 58,1% da população entrevistada, o principal problema do SUS é a falta de médicos. Mesmo em regiões como São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro, onde a média nacional é superada, a realidade não condiz com um país que se apresenta como a sexta economia do mundo. 

Mas há quem insista em dizer que não faltam médicos, eles estariam apenas mal distribuídos porque resistem em trabalhar em lugares sem estrutura, equipamentos e medicamentos, uma realidade que passa pela necessidade sem dúvida de ampliar investimentos mas substantivamente pela qualificação da gestão. 

Na verdade, médicos estão em falta sim - nos últimos oito anos surgiram 147 mil postos de trabalho para esse profissional, enquanto os formados foram apenas 93 mil. Recentemente a Organização Mundial de Saúde (OMS) apontou que a média de profissionais para cada 10 mil pessoas no Brasil está abaixo da média do continente americano, e é bastante inferior ao dos países ricos. 

O “Mais Médicos” foca nas capitais, áreas em condições vulneráveis e precaríssimas de atendimento, como a Amazônia, o pobre Vale do Jequitinhonha (MG), Distritos Sanitários Indígenas e regiões metropolitanas, mas qualquer município pode se inscrever no programa. Porto Velho, Guajará-Mirim, Nova Mamoré, Ji-Paraná e São Francisco do Guaporé são as regiões prioritárias de Rondônia. 

Quem for trabalhar nos municípios amazônicos terá uma bolsa-formação de R$ 10 mil e três vezes esse valor para o médico participante se instalar na região escolhida. O governo, prefeitos e a sociedade acordaram para o problema. 

A curto e médio prazo ele precisa ser solucionado, e o sucesso do programa depende não apenas dos esforços dos Ministérios da Saúde e Educação, envolvidos na ação, mas também dos que estão na ponta. Fundamental é aplicar bem os R$ 15 bilhões anunciados para investimentos na infraestrutura de hospitais e unidades de saúde. 

A população cansou de tanto desvio de recursos no setor. 

Para concluir, o “Mais Médicos” precisa ir além do desafio de colocar médicos onde mais precisa. É imperativo impregnar a rede pública de saúde com solidariedade e honestidade, produzir gestão rigorosa capaz de revolucionar e reverenciar o SUS, deixando definitivamente para trás profissionais sem compromisso com o sistema, com atuação duvidosa, que deixam pacientes à espera, no horror da dor ignorada e no descaso que banaliza a vida no Brasil. 

*É deputado federal pelo PT, membro da Comissão de Legislação Participativa e coordenador da Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas.

FONTE: http://www.tudorondonia.com.br/noticias/ser-e-ter-mais-medico-eis-a-questao-,38555.shtml

domingo, 21 de julho de 2013

o preço da visita do PAPA Francisco ao Brasil!





ATENÇÃO: é para LER e COMPARTILHAR!!!
A Falta de informação, levá-nos a JULGAMENTOS!!!
CATÓLICOS: Leiam, Compartilhem e DEFENDAM O SANTO PADRE E A SANTA IGREJA!
Alguns pontos sobre o custo da vinda do Papa Francisco ao Brasil.
1 -A vinda do papa é custeada pela inscrição da jornada.
2 - Segurança é mais que obrigação do governo, afinal 75% jornada são estrangeiros, logo o governo deve garantir a segurança deles.
3 - TODO PAPA É CHEFE DE ESTADO E DE GOVERNO.
Portanto é dever civil de todo Estado que acolhe o Papa oferecer-lhe a segurança máxima para sua vida, assim como é mesmo dever oferecer a QUALQUER OUTRO que faça visita oficial ao país.
4 - Os Ganhos com a vinda do Papa ao País será em torno de mais de R$ 300 milhões.
5- Não há nenhum investimento do Governo na Jornada. Os Peregrinos que vêm serão acolhidos em Casas de Família, em alguns alojamentos públicos como casas de festa, escolas particulares e escolas estaduais.
Nessas, toda a responsabilidade será da Paróquia que estiver na sua 'coordenação', não havendo nenhuma participação dos órgãos governamentais em limpeza ou manutenção.
6 - O Papa ficará hospedado no Sumaré, que é mantido pela Arquidiocese do Rio de Janeiro.
7 -Todos os gastos da Jornada estão sendo custeados pelo próprio Instituto Jornada Mundial da Juventude, por meio de contribuição dos católicos, voluntários e Peregrinos, que pagaram pela inscrição e ainda contribuíram com um Fundo de Solidariedade, que está destinado a colaborar na construção de toda a Jornada.
Logo, não há investimento nem do Município, nem do Estado, menos ainda da instância Federal.
10 - Na verdade, a Jornada está sendo usada como um "evento-teste" para provar que o Rio tem capacidade de receber grandes eventos e grande quantidade de pessoas.
O dinheiro que será gasto pelos governo Federal, Estadual e Municipal com a vinda do Papa ao Brasil para a JMJ RIO 2013 será investido na melhoria da segurança, transporte e infraestrutura. Ao invés de estarem reclamando eles estão "adorando" pelo fato de que isso irá melhorar o transporte do Rio (que é precário), a segurança (como a instalação de UPP'S nas favelas) e o mais importante (para os governos): IRA AUMENTAR A ECONOMIA E O TURISMO tanto no Estado quanto na cidade do Rio de Janeiro. Quantos jovens (não só) irão querer voltar para o Rio de Janeiro? Quanto os jovens não irão gastar na cidade? Por exemplo, uma pesquisa feita disse que DURANTE A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE os restaurantes ganham em 5 dias o que eles ganhariam em 5 meses.
A Igreja irá arcar com suas próprias despesas. Até mesmo, a Aquidiocese do Rio contratou 2 mil seguranças particulares que serão pagos com o DINHEIRO DA IGREJA para a segurança dos peregrinos durante a Vigília e a Missa de Envio no Campus Fidei. Além disso, isso é "pouco" pelo que o governo terá que investir com a Copa do Mundo em 2014 e com as Olimpíadas em 2016.
A #JMJRio2013 não trará gastos para o Rio de Janeiro, mas apenas lucros . Olhemos para todo comércio, infra estrutura, hotelaria, restaurantes, lojas...e muito mais, que serão beneficiados. Assim foi em todos os países por onde passou a Jornada.

ESCLARECENDO EQUÍVOCOS!
Desde já seja bem vindo Santo Padre Papa Francisco!
A casa é sua...literalmente...o povo católico deste país lhe espera de braços abertos.
Compartilhemos a verdade sobre a vinda do Papa, é nossa missão!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Antropóloga comenta estupidez da cura gay



Postado em: 27 jun 2013 às 20:16

A cura gay é um esconderijo para os que sofrem com o armário — em vez de romperem a prisão do medo, se lançarão em uma gaiola na qual quem se apresenta como cuidador é um algoz do sexo. Não há cura para a homossexualidade, simplesmente porque não há doença nem perturbação ou perversão a serem tratadas

Por Débora Diniz*
Uma leitura rápida não é capaz de decifrar o objeto da controvérsia do Projeto de Decreto Legislativo nº 234/2011, recentemente ressuscitado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Há pelo menos duas formas de entendê-lo. A primeira segue a literalidade dos três parágrafos do texto: ao sustar artigos da Resolução nº 1/1999 do Conselho Federal de Psicologia, o projeto autoriza tratamentos psicológicos para gays. Seria uma vigilância do Legislativo a atos supostamente abusivos dos conselhos profissionais. Mas é a segunda leitura que descortina o segredo da proposta. Não se trata de um texto sobre liberdade profissional de psicólogos, mas de uma artimanha moral. Em nome do livre exercício profissional, institui-se a cura gay.
debora diniz cura gay unb
Antropóloga Débora Diniz. (Imagem: UnB)
Cura gay foi o nome dado às iniciativas para patologizar a homossexualidade, isto é, para descrevê-la como doença. Falsamente se pressupõe que a heterossexualidade seria a única sexualidade saudável, para daí se classificar as outras formas de vivência como anormais. O destino dos desviantes seria a clínica gay. Uns poucos psicólogos solitários sustentam haver tratamento psíquico para a homossexualidade e reclamam ser cerceados em sua liberdade profissional. Ora, não há liberdade profissional para práticas discriminatórias ou charlatanices — o papel dos conselhos profissionais é exatamente este: discernir a boa da má prática profissional. O Conselho Federal de Psicologia não tem dúvidas e decretou que psicólogos não podem se lançar como terapeutas da cura gay. Isso foi há mais de uma década e já 20 anos depois de a Organização Mundial da Saúde ter banido a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças.
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O tema da cura gay voltou à pauta nacional no mesmo dia em que a democracia se movimentava nas ruas. Eram milhões de jovens reclamando igualdade — fosse no transporte, na educação ou, simplesmente, na vida. Alheios ao clamor nacional, alguns deputados se reuniram e deram vida à homofobia travestida de democracia. Erra quem imagina que essa é uma disputa sobre liberdade profissional. O projeto não visa garantir o livre exercício profissional de psicólogos convictos de que homossexualidade é doença. Essa é só a peça final de um jogo de obscuridades. O que importa é classificar práticas sexuais entre pessoas do mesmo sexo como patológicas. Ser gay passaria a ser um tipo psicológico desviante. A clínica do desvio sexual se instauraria como uma nova especialidade no Brasil.
O psicólogo da cura gay acredita que há sexualidades abjetas. É um sujeito paralisado pela moral que falsamente supõe ser a heterossexualidade o destino dos corpos. Imagino-o como alguém assustado com a nova ordem social — os gays se casam, têm filhos, param as ruas para reclamar seus direitos. Esse vasto contingente se recusará a procurar a clínica de cura gay. Será difícil um psicólogo conseguir vencer a recusa dos gays em se reconhecerem como patológicos e ainda sobreviver à permanente crítica de colegas de profissão. Mas nem todos os gays saíram do armário, anunciaram-se em suas escolhas ou mesmo são livres para fazê-las. É para esses sujeitos que o projeto de cura gay é uma temeridade.
A cura gay instaura a dúvida injusta de a homossexualidade ser uma doença e, assim sendo, se os indivíduos deveriam se medicar. Ela perturba as famílias ainda inquietas com a sexualidade de filhos adolescentes ao prometer um atalho para a mudança de mentalidades. A cura gay é um esconderijo para os que sofrem com o armário — em vez de romperem a prisão do medo, se lançarão em uma gaiola na qual quem se apresenta como cuidador é um algoz do sexo. Não há cura para a homossexualidade, simplesmente porque não há doença nem perturbação ou perversão a serem tratadas. No entanto, descrevê-la como desvio patológico é perturbar uma ordem inquieta sobre a sexualidade.
Acredito que a resistência à cura gay não virá apenas dos corpos que se declaram como homossexuais, mas de toda a nova rede de relações que reconhece a homossexualidade como vivência legítima dos corpos e dos sexos. Não me espanta saber que havia poucos manifestantes gays na plenária que votou o projeto enquanto o país estava nas ruas. Só não será fácil para os deputados levarem o projeto da cura gay adiante. As ruas ainda se manterão cheias nos próximos dias, mas nossos olhos se abriram para a democracia que se exercita no Congresso Nacional. O grito das ruas anuncia que estamos fartos de injustiças. Se 20 centavos mobilizaram multidões, o que dizer de um projeto que ameaça a igualdade de milhões que movimentam as paradas gays pelo país?
*DEBORA DINIZ – Antropóloga, professora da Universidade de Brasília, pesquisadora da Anis (Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero). Para o jornal Correio Braziliense

fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/06/antropologa-comenta-controversias-da-cura-gay.html 

A morte da menina Tayná, a tortura e a imprensa


Postado em: 18 jul 2013 às 0:40

Um caso exemplar da polícia brasileira: prende-se o suposto culpado, para depois iniciar-se a investigação, que é sempre a mesma: porradas primeiro, perguntas depois
Urariano Mota, Direto da Redação



Menina Tayná (Foto: Arquivo Pessoal)
O inquérito do assassinato da menina Tayná, no Paraná, ilustra o tempo de trevas que  sobrevive no Brasil.  Em breves linhas lembramos que toda a imprensa noticiou que uma linda jovem de 14 anos, Tayná Andrade da Silva,  havia sido  estuprada e morta por quatro empregados de um parque de diversões, no dia 25 de junho. E que os frios estupradores confessaram o seu hediondo crime, depois de um rápido e eficiente trabalho da polícia. Os apresentadores na tevê bradavam, elevavam a tensão em nossas veias: “E aí, o que devia ser feito com esses animais?”, e mostravam as imagens das quatro feras.
Assim estávamos nós com a nossa consciência insatisfeita, porque clamávamos pelo sangue desses monstros, quando, passados alguns dias, a brava perita Jussara Joeckel descobriu que jamais houve qualquer violência sexual contra Tayná. Mais, que o exame de DNA no  sêmen encontrado na calcinha da jovem não pertence aos tidos como culpados. E para o cúmulo do absurdo, a perita afirma que a menina foi morta depois dos “assassinos” presos. Escândalo. A perita Jussara teve a sorte de ser apoiada por uma jornalista à altura, Joice Hasselmann. A repórter divulgou a análise e registrou no Blog da Joice que em meio aos gritos e ao bate-boca de uma   reunião na Secretaria de Segurança, um integrante da Polícia Civil chegou ao extremo da pergunta: “será que na contraprova nós não conseguimos um laudo com resultado inconclusivo?”.
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Sabe-se agora que o preso Adriano teve um cabo de vassoura enfiado no ânus,  amarrado de ponta-cabeça e agredido com uma máquina de choque, para que confessasse o crime. A máquina de choque foi usada com uma haste de metal introduzida no seu ânus. Adriano, internado em hospital, tem sinais de perfuração no intestino. E todos os presos, depois de torturados, tiveram que assinara sem ler os “seus” depoimentos escritos.
Infelizmente, este é um caso exemplar da polícia brasileira, de Norte a Sul do país. Prende-se o culpado,  para depois iniciar-se a investigação que prove a sua culpa. A investigação, todos sabemos, é sempre a mesma: porradas primeiro, uma pergunta depois. Se o culpado não responder logo o que se quer provar, tudo mal. Pau de arara e choques elétricos como método infalível de apuração. Se responder conforme a acusação, tudo mais ou menos. A tortura continua, mas dessa vez para selar o depoimento, ou como gritam os torturadores: “Ah, então você escondia o jogo, não é, safado? Você vai ver agora o que um criminoso merece”. Pelo medo e terror, selam assim a culpa do culpado.
O costume da tortura se transformou em uma coisa tão banal, que os advogados falam nas entrevistas em invalidação do inquérito, porque contaminado pela violência. Isso é óbvio. Daí os doutores partem para a soltura dos presos, com a posterior cobrança ao Estado pela prisão indevida. O que é justo. Mas da ação lhes escapa o maior horror: eles parecem não  ver que os policiais deveriam responder, antes de tudo, pela tortura, porque esse é um crime condenado, imprescritível em nossa Constituição e em todos os tribunais civilizados. O fundamental lhes escapa: a mais severa punição prisional para o torturador.
Mais. Chamamos a atenção para o comportamento da imprensa que reproduz as versões  da polícia sem um filtro, sem uma dúvida. Os repórteres copiam o Boletim de Ocorrência, e de tal modo que repórter policial é o mesmo que policial repórter. Mas isso é igualzinho ao tempo da ditadura. É igual àqueles malditos anos em as mortes de “terroristas” eram reproduções exatas da Agência Segurança Press. Se não, olhem o que se falou sobre o assassinato da menina de 14 anos nas tevês:
“Polícia termina investigação sobre morte da menina Tayná”, em Clique aqui 05/07/2013. “Polícia conclui inquérito e afirma que os suspeitos mataram Tayná. em Clique aqui , 05/07/2013
Os exemplos da imprensa brasileira, que reproduz de modo literal o que a polícia lhe sopra, ao fim de torturante inquérito, poderiam ser mostrados a um infernal infinito. E o mais grave, leitor. Agora mesmo, neste preciso instante, um preso comum está sendo torturado, sofrendo empalação ou é morto. Isso em plena democracia. Era bom que transformássemos o caso Tayná em um começo de real mudança, nas delegacias de polícia e na imprensa.

fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br

Caso Tayná: 14 anos, misteriosamente assassinada


Postado em: 11 jul 2013 às 10:16

Quatro funcionários de um parque confessaram o estupro e assassinato, mas o DNA do sêmen encontrado na menina não batia com o de nenhum deles. Há sinais de que os 4 acusados foram barbaramente torturados. Toda a armação visou livrar o verdadeiro assassino

Um caso escabroso mexe com a cúpula da Secretaria de Segurança do Paraná.
Uma menina de 14 anos, Tayná, foi assassinada. Ela estaria grávida. Foram presos quatro funcionários de um parque de diversões, que confessaram estupro e assassinato. Quando o laudo criminal ficou pronto constatou-se que a menina não havia sido violentada e sua morte ocorre após a prisão dos quatro suspeitos. O DNA do semên encontrado na menina não batia com o de nenhum dos quatro acusados.
tayná assassinda paraná
O verdadeiro assassino da menina Tayná ainda não foi encontrado. Acusados foram espancados e obrigados a confessar crime. Não há provas contra eles. (Foto: Arquivo pessoal)
Há sinais de que os quatro foram barbaramente torturados. Toda a armação visou livrar o verdadeiro assassino.
O caso foi desvendado pela jornalista Joice Hasselmann.

Os detalhes da reunião da cúpula da segurança sobre o caso Tayná

Uma das decisões é a de pedir o grampo telefônico desta colunista para descobrir como tive acesso as informações sigilosas do caso e ao laudo
Hoje teve reunião de emergência sobre o caso Tayná. Começou às 10h e se estendeu até a tarde. Depois de muito bater boca e aos berros as turmas dos delegados e investigadores, do Instituto de Criminalística, da cúpula da Sesp e do Ministério Público decidiram:
1 – Manter, enquanto conseguirem, a versão do estupro de Tayná, mesmo com todos os indícios, uma perícia e um laudo provando que o sêmen encontrado nas roupas íntimas da menina não pertence a nenhum dos presos e mesmo sem qualquer tipo de lesão no corpo da menina.
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2 – Pedir o grampo do telefone desta colunista (de novo?). A tentativa é de descobrir como tive acesso as informações sigilosas do caso e ao laudo.
3- Abrir Inquérito com ajuda do MP para apurar o vazamento do laudo e das novas informações que desmontam a tese de estupro da menina Tayna.
4 – Varredura do computador do Instituto de Criminalística.
5 – Pedir a contraprova do exame de DNA. Em determinado momento um dos integrantes da reunião chegou a sugerir que a contraprova “viesse” com resultado inconclusivo. Claro que tal sugestão foi ofensiva para os profissionais empenhados em descobrir a verdade, tanto da polícia quando do Instituto de Criminalística. Mas ficou de alerta.
6- Suspender as férias do delegado de Colombo que terá que retornar imediatamente ao trabalho.
7- Investigação de duas figuras, que ao que tudo indica, podem estar envolvidas no caso.
SAIBA OS DETALHES DA REUNIÃO
Os delegados envolvidos na investigação do caso Tayná se reuniram hoje com os peritos, legistas e integrantes da alta cúpula de Segurança Pública e um promotor para discutir as linhas que devem ser adotadas a partir de agora na investigação do caso Tayná.
A reunião foi convocada depois da conclusão do laudo, que apontou que o material genético do sêmen encontrado nas roupas íntimas da menina era incompatível com o DNA dos quatro homens presos acusados de estuprar e matar Tayná.
As informações do laudo foram divulgadas com exclusividade por esta colunista, o que gerou uma reviravolta no caso, até agora sustentado com base no inquérito e no estupro seguido de morte. Na reunião de hoje um intenso bate boca entre delegados, investigadores e peritos. Os peritos sabem que Tayná não foi violentada e mesmo com todas as informações que desmontam a tese do estupro e mais o laudo apontando que o sêmen que estava em Tayná não pertence a nenhum dos acusados a versão será mantida por enquanto. A pergunta é: por que? Alguém matou a menina. O homicídio é um crime bárbaro não precisaria de mais horror nisso. Então a quem isso interessa?
A perita, Jussara Joeckel permanece reafirmando que jamais houve a violência sexual. O Delegado de Colombo, Silvan Pereira, foi convocado a interromper as férias e voltar imediatamente às atividades. E em meio aos gritos e ao bate boca da reunião, uma sugestão chamou a atenção: um integrante da Polícia Civil questionou: “será que na contra-prova nós não conseguimos um laudo com resultado inconclusivo?”. A sugestão chocou integrantes do Instituto de Criminalística, mas de qualquer forma, serve como um aviso. Obviamente, o responsável pelo Instituto de Criminalística, Dr. Leon Grupenmacher, que é um homem absolutamente sério, jamais permitiria qualquer tentativa de manipulação.
Outro detalhe da reunião foi a decisão da abertura de um Inquérito para investigar como houve o vazamento do laudo e das informações que essa colunista teve acesso. Depoimentos e grampo telefônico fazem parte do pacote. Vamos lá. Vem aí mais um grampo, mas já aviso que não cedo a pressões, sou jornalista, conheço a Constituição e um grampo a mais ou um a menos não fará a menor diferença, a não ser pelo fato de esse ser legal, pelo menos é o que eu espero.
Quanto ao resto, ao invés de todos esses homens qualificados e preparados estarem tão preocupados com o autor do vazamento sugiro que se preocupem com a investigação de fato. A polícia do Paraná é sim extremamente qualificada, mas também pode errar. A questão é permanecer no erro e correr o risco de cometer uma injustiça. E mais. Se houve erro o mais prudente e decente é admitir e imediatamente traçar outra linha de investigação.
O fato é que Tayná não foi estuprada, então como os acusados teriam confessado? Sob que “argumentos” ? E de quem é o sêmen encontrado na menina? Quem é o quinto elemento? Talvez o quinto e o sexto? E quem de fato participou a morte de Tayná? Que relações estão por trás disso?
O resultado de uma investigação não pode ser pautado na vontade de um grupo de que esse ou aquele seja o culpado. Se um laudo de DNA é uma prova questionável, então no que podemos confiar?
São muitos por quês. A boa polícia do PR precisa dar uma resposta urgente. Precisamos saber quem é culpado do que e inocente do que nessa história.
Há uma adolescente morta e aqui não se trata de defender a honra de fulano ou de Cicrano, mas de toda uma corporação. Descobrir a verdade é defender a honra da polícia.
RELEMBRE O CASO EXCLUSIVO PUBLICADO ONTEM
Exclusivo: Reviravolta no caso Tayná. Sêmen encontrado na menina não é de nenhum dos acusados
O caso Tayná, um dos crimes que mais chamaram a atenção e comoveram a população do Paraná nos últimos dias teve uma reviravolta.
A menina de 14 anos teria sido repetidas vezes estuprada por um bando de 4 homens, funcionários de um parque de diversões em Colombo na Região Metropolitana de Curitiba e depois assassinada com um cadarço. Ocorre que a versão passa a ser questionada e agora com documentos. O laudo do Instituto de Criminalística, que acaba de ficar pronto prova que o sêmen encontrado na calcinha da menina não é de nenhum dos 4 homens presos acusados de estupro e homicídio. As informações são exclusivas dessa colunista.
Eles chegaram, segundo a polícia, a confessar o crime, inclusive o estupro, dando detalhes de como praticaram a violência. A perita Jussara Joeckel já havia dito logo no início da investigação que a menina não teria sido estuprada. Tayná, não apresentava lesões características de estupro, não tinha hematomas, mesmo tendo a pele bastante clara, nem restos de pele sob a unha, nem sinais qualquer sinal de luta ou de agressão. A menina estava perfeitamente vestida e com o coturno amarrado em um dos pés (que assassino colocaria as roupas na menina depois de violentar e matar e ainda amarraria os sapatos?). O outro cadarço foi tirado para estrangular a adolescente. Segundo a primeira perícia a menina teria sido morta horas depois que os 4 homens foram presos. Ainda assim a Polícia Civil manteve a versão do estupro praticado pelos 4 e agora tem muito o que explicar.
- Por que mesmo com todos os indícios houve tanta pressa em apresentar uma versão que já havia sido questionada até mesmo por uma perita?
- Por que a coletiva dada na sexta-feira foi mantida para reafirmar detalhes do crime mesmo com tantas dúvidas?
- Existe a possibilidade de a menina ter sido assassinada depois que os 4 foram presos? Se sim, há um assassino solto.
- Estariam os 4 presos protegendo um quinto elemento? E por que? E quem seria o outro envolvido ou os outros envolvidos no caso?
- De quem é o sêmen encontrado na calcinha da garota?
Com a palavra a Polícia Civil a começar pelo delegado de Colombo.
Atualização: delegados são afastados e Guilherme Rangel assume o caso
O Delegado do Núcleo Metropolitano da Denarc, Guilherme Rangel, é quem vai cuidar do caso Tayná. Segundo ele, todos os boatos levantados até o momento, inclusive de que a menina de 14 anos estaria grávida do dono do Parque de Diversões serão levados em consideração na avaliação do caso.

fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/07/caso-tayna-14-anos-misteriosamente-assassinada.html 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Wikileaks revela gravíssima sabotagem dos EUA contra Brasil com aval de FHC



Postado em: 23 fev 2011 às 18:22

Telegramas revelam intenções de veto e ações dos EUA contra o desenvolvimento tecnológico brasileiro com interesses de diversos agentes que ocupam ou ocuparam o poder em ambos os países

wikileaks tecnologia sabotagem brasilOs telegramas da diplomacia dos EUA revelados pelo Wikileaks revelaram que a Casa Branca toma ações concretas para impedir, dificultar e sabotar o desenvolvimento tecnológico brasileiro em duas áreas estratégicas: energia nuclear e tecnologia espacial. Em ambos os casos, observa-se o papel anti-nacional da grande mídia brasileira, bem como escancara-se, também sem surpresa, a função desempenhada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, colhido em uma exuberante sintonia com os interesses estratégicos do Departamento de Estado dos EUA, ao tempo em que exibe problemática posição em relação à independência tecnológica brasileira. Segue o artigo do jornalista Beto Almeida.
O primeiro dos telegramas divulgados, datado de 2009, conta que o governo dos EUA pressionou autoridades ucranianas para emperrar o desenvolvimento do projeto conjunto Brasil-Ucrânia de implantação da plataforma de lançamento dos foguetes Cyclone-4 – de fabricação ucraniana – no Centro de Lançamentos de Alcântara , no Maranhão.

Veto imperial

O telegrama do diplomata americano no Brasil, Clifford Sobel, enviado aos EUA em fevereiro daquele ano, relata que os representantes ucranianos, através de sua embaixada no Brasil, fizeram gestões para que o governo americano revisse a posição de boicote ao uso de Alcântara para o lançamento de qualquer satélite fabricado nos EUA. A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que os EUA “não quer” nenhuma transferência de tecnologia espacial para o Brasil.

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“Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil”, diz um trecho do telegrama.
Em outra parte do documento, o representante americano é ainda mais explícito com Lokomov: “Embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil”.

Guinada na política externa

O Acordo de Salvaguardas Brasil-EUA (TSA) foi firmado em 2000 por Fernando Henrique Cardoso, mas foi rejeitado pelo Senado Brasileiro após a chegada de Lula ao Planalto e a guinada registrada na política externa brasileira, a mesma que muito contribuiu para enterrar a ALCA. Na sua rejeição o parlamento brasileiro considerou que seus termos constituíam uma “afronta à Soberania Nacional”. Pelo documento, o Brasil cederia áreas de Alcântara para uso exclusivo dos EUA sem permitir nenhum acesso de brasileiros. Além da ocupação da área e da proibição de qualquer engenheiro ou técnico brasileiro nas áreas de lançamento, o tratado previa inspeções americanas à base sem aviso prévio.
Os telegramas diplomáticos divulgados pelo Wikileaks falam do veto norte-americano ao desenvolvimento de tecnologia brasileira para foguetes, bem como indicam a cândida esperança mantida ainda pela Casa Branca, de que o TSA seja, finalmente, implementado como pretendia o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas, não apenas a Casa Branca e o antigo mandatário esforçaram-se pela grave limitação do Programa Espacial Brasileiro, pois neste esforço algumas ONGs, normalmente financiadas por programas internacionais dirigidos por mentalidade colonizadora, atuaram para travar o indispensável salto tecnológico brasileiro para entrar no seleto e fechadíssimo clube dos países com capacidade para a exploração econômica do espaço sideral e para o lançamento de satélites. Junte-se a eles, a mídia nacional que não destacou a gravíssima confissão de sabotagem norte-americana contra o Brasil, provavelmente porque tal atitude contraria sua linha editorial historicamente refratária aos esforços nacionais para a conquista de independência tecnológica, em qualquer área que seja. Especialmente naquelas em que mais desagradam as metrópoles.

Bomba! Bomba!

O outro telegrama da diplomacia norte-americana divulgado pelo Wikileaks e que também revela intenções de veto e ações contra o desenvolvimento tecnológico brasileiro veio a tona de forma torta pela Revista Veja, e fala da preocupação gringa sobre o trabalho de um físico brasileiro, o cearense Dalton Girão Barroso, do Instituto Militar de Engenharia, do Exército. Giráo publicou um livro com simulações por ele mesmo desenvolvidas, que teriam decifrado os mecanismos da mais potente bomba nuclear dos EUA, a W87, cuja tecnologia é guardada a 7 chaves.
A primeira suspeita revelada nos telegramas diplomáticos era de espionagem. E também, face à precisão dos cálculos de Girão, de que haveria no Brasil um programa nuclear secreto, contrariando, segundo a ótica dos EUA, endossada pela revista, o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, firmado pelo Brasil em 1998, Tal como o Acordo de Salvaguardas Brasil-EUA, sobre o uso da Base de Alcântara, o TNP foi firmado por Fernando Henrique. Baseado apenas em uma imperial desconfiança de que as fórmulas usadas pelo cientista brasileiro poderiam ser utilizadas por terroristas , os EUA, pressionaram a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que exigiu explicações do governo Brasil , chegando mesmo a propor o recolhimento-censura do livro “A física dos explosivos nucleares”. Exigência considerada pelas autoridades militares brasileiras como “intromissão indevida da AIEA em atividades acadêmicas de uma instituição subordinada ao Exército Brasileiro”.
Como é conhecido, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, vocalizando posição do setor militar contrária a ingerências indevidas, opõe-se a assinatura do protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, que daria à AIEA, controlada pelas potências nucleares, o direito de acesso irrestrito às instalações nucleares brasileiras. Acesso que não permitem às suas próprias instalações, mesmo sendo claro o descumprimento, há anos, de uma meta central do TNP, que não determina apenas a não proliferação, mas também o desarmamento nuclear dos países que estão armados, o que não está ocorrendo.

Desarmamento unilateral

A revista publica providencial declaração do físico José Goldemberg, obviamente, em sustentação à sua linha editorial de desarmamento unilateral e de renúncia ao desenvolvimento tecnológico nuclear soberano, tal como vem sendo alcançado por outros países, entre eles Israel, jamais alvo de sanções por parte da AIEA ou da ONU, como se faz contra o Irã. Segundo Goldemberg, que já foi secretário de ciência e tecnologia, é quase impossível que o Brasil não tenha em andamento algum projeto que poderia ser facilmente direcionado para a produção de uma bomba atômica. Tudo o que os EUA querem ouvir para reforçar a linha de vetos e constrangimentos tecnológicos ao Brasil, como mostram os telegramas divulgados pelo Wikileaks. Por outro lado, tudo o que os EUA querem esconder do mundo é a proposta que Mahmud Ajmadinejad , presidente do Irà, apresentou à Assembléia Geral da ONU, para que fosse levada a debate e implementação: “Energia nuclear para todos, armas nucleares para ninguém”. Até agora, rigorosamente sonegada à opinião pública mundial.

Intervencionismo crescente

O semanário também publica franca e reveladora declaração do ex-presidente Cardoso : “Não havendo inimigos externos nuclearizados, nem o Brasil pretendendo assumir uma política regional belicosa, para que a bomba?” Com o tesouro energético que possui no fundo do mar, ou na biodiversidade, com os minerais estratégicos abundantes que possui no subsolo e diante do crescimento dos orçamentos bélicos das grandes potências, seguido do intervencionismo imperial em várias partes do mundo, desconhecendo leis ou fronteiras, a declaração do ex-presidente é, digamos, de um candura formidável.
São conhecidas as sintonias entre a política externa da década anterior e a linha editorial da grande mídia em sustentação às diretrizes emanadas pela Casa Branca. Por isso esses pólos midiáticos do unilateralismo em processo de desencanto e crise se encontram tão embaraçados diante da nova política externa brasileira que adquire, a cada dia, forte dose de justeza e razoabilidade quanto mais telegramas da diplomacia imperial como os acima mencionados são divulgados pelo Wikileaks.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Sintero anuncia fim da greve

Quarta-feira, 10 de julho de 2013 - 11:38

Estaduais

Sintero anuncia fim da greve

NOTA DO SINTERO

O Sintero comunica aos alunos da rede estadual, aos pais e à sociedade que a maioria dos trabalhadores em educação estaduais decidiu encerrar a greve iniciada no dia 21 de maio mediante as seguintes conquistas:

- Gratificação de 7,97% a partir de 1º de agosto deste ano, índice de correção do Piso Salarial Profissional Nacional, que era o mínimo definido pela categoria para encerrar o movimento;
- Revisão do vencimento básico em 5,87% em abril de 2014 e 6% em
janeiro de 2015, respeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei
Eleitoral; e
- Destinação de R$ 500 mil por mês para pagamento da Licença Prêmio em pecúnia.

Da proposta encaminhada pelo governo do estado a categoria não aceita o condicionamento da efetiva implantação do Plano de Carreira nem a limitação da realização de novos movimentos por se tratar de uma garantia prevista na Constituição Federal.
A decisão de encerrar a greve foi tomada por mais de 60% dos trabalhadores em educação representados pelas Regionais: Rio Machado-7,9%, Norte-29,5%, Mamoré-4%, Guaporé-6,8% e Cone Sul-11,3%.

Optaram por manter a greve os trabalhadores em educação das seguintes Regionais: Estanho-8,7%, Mata-9,6%, Centro I-4,9%, Centro II-4,9% e Café-5,4, que representam 33,5% da categoria.
A Regional Apidiá, que representa 7%, ficou indefinida na última assembleia, mas já havia concordado com a gratificação de 6% proposta pelo governo anteriormente. Na maioria dos municípios que compõem a Regional Apidiá a decisão foi pelo encerramento da greve.
Portanto, em respeito ao estado democrático de direito e de acordo o estatuto do Sintero, a direção do sindicato acata o resultado e declara encerrada a greve por decisão da maioria dos filiados reunidos em assembleias em todo o Estado.

O Sintero reafirma o compromisso da categoria com a melhoria da qualidade do ensino e comunica que as aulas dos dias parados serão repostas, sem prejuízo aos alunos, e que o recesso escolar será cumprido conforme calendário escolar definido anteriormente.
O Sintero agradece aos alunos, aos pais e à sociedade, que apoiaram o movimento, e destaca a coragem, a bravura e a garra dos trabalhadores em educação, provando, mais uma vez, que sem luta não há conquistas.
Somos muitos, somos fortes.
SINTERO – Filiado à CNTE e CUT
Fonte: Assessoria
Autor: Assessoria

domingo, 7 de julho de 2013

Senado corta 53% dos royalties que iam para a Educação


Estimativa de repasse para a saúde também caiu, de R$ 69,77 bilhões para R$ 10,7 bi, em relação ao texto aprovado pela Câmara
projeto de lei que destina royalties do petróleo para educação e saúde, aprovado pelo Senado na noite de terça-feira, reduziu em 62% o montante direcionado às duas áreas em relação ao que havia sido votado pelos deputados. Com isso, o repasse cai de R$ 279,08 bilhões para R$ 108,18 bilhões. No caso da educação, o porcentual diminui 53,43%: de R$ 209,31 bilhões para R$ 97,48 bilhões. Na saúde, com a redução de 84,7%, o valor despenca de R$ 69,77 bilhões para R$ 10,7 bilhões. A estimativa é da Consultoria Legislativa de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos da Câmara, com dados da Agência Nacional do Petróleo.
Leia Comissão do Senado aprova proposta que elimina voto secreto no Congresso
É um retrocesso ao clamor popular, avaliam especialistas. O projeto da Câmara, votado na semana passada em meio ao furor das manifestações que pediam 10% do PIB brasileiro para a educação, não chegava a alcançar esse porcentual, mas previa um acréscimo de 1,1% do PIB para o setor até 2022, chegando a 7% - hoje são 5,8%. "A redução feita pelo Senado derrubou o porcentual de 1,1% para apenas 0,4% do PIB. Foi o anticlímax. Existia um ganho que não era o ideal, mas melhorava bem. Agora voltamos quase ao zero", diz o professor Luiz Araújo, especialista em financiamento e políticas públicas.
O relator do projeto é o líder do governo na Casa, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), e as alterações, segundo os bastidores no Congresso, são resultado de um acordo entre governo e líderes partidários.
Leia Câmara aprova projeto que destina 75% dos royalties do petróleo para educação e 25% para saúde
Entre as mudanças propostas pelo Senado, duas delas explicam a redução do investimento. A primeira é em relação aos contratos já assinados. Assim como a Câmara, o texto dos senadores mantém que royalties obtidos com a produção atual de petróleo, em contratos assinados desde 3 de dezembro de 2012, já sejam destinados ao setor. A diferença é que, pelo substitutivo, a regra vale só para os royalties que cabem à União:Estados e municípios ficam isentos da obrigatoriedade.
A outra alteração que interfere no montante de verbas é a questão do Fundo Social. O projeto do Senado destina 50% dos rendimentos dos recursos recebidos pelo Fundo Social, em vez do total. Isso significa que o excedente em óleo referente aos contratos de partilha de produção não será destinado às áreas de educação e saúde, a não ser pelos rendimentos. "A nossa luta não é para criar pressão sobre a base econômica brasileira. O que pedimos para a educação não vai quebrar o País. Mudar tudo isso é chamar o povo de idiota. O País não pode abrir mão dessa conquista", afirma o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara.
Um estudo do professor Nelson Cardoso Amaral, especialista em financiamento da Universidade Federal de Goiás (UFG), mostra que, para chegar ao valor que os Estados Unidos investem por ano em cada estudante, o Brasil teria de empenhar 10% do PIB de hoje até 2040. Um documento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresenta outras possibilidades para a necessidade de aumentar recursos, como a ampliação de impostos e a vinculação de parte das contribuições para o setor, até ações como melhorar a gestão e o controle social dos gastos públicos.
Leia Senado aprova projeto que torna corrupção crime hediondo
Empenho. Em nota, a assessoria de imprensa do senador Eduardo Braga, relator do projeto, diz que o valor estimado no projeto da Câmara era equivocado por basear-se em premissas não fundamentadas e que as alterações introduzidas no Senado buscaram aprimorar o texto, "minimizando o risco de judicialização e evitando o uso indevido do Fundo Social". De acordo com a nota, "utilizar no País as receitas do Fundo Social contraria todos os princípios para os quais ele foi criado, especialmente a estabilidade econômica e a capacidade de competição".
Ao fim, o texto divulgado salienta que a iniciativa de vincular os 100% dos royalties do petróleo para a educação foi uma iniciativa do governo. "Portanto, o governo e o Parlamento brasileiro têm o maior interesseem aumentar as verbas, mas de maneira responsável e segura juridicamente." Por causa das alterações realizadas, a matéria volta a ser discutida na Câmara. A Casa deve votar, na próxima semana, se aceita as modificações no texto ou se mantém o que havia sido aprovado anteriormente. Após essa decisão, o projeto segue para a presidente, que decidirá pelo sanção ou veto.

fonte: http://www.anonymousbr4sil.net/2013/07/senado-corta-53-dos-royalties-que-iam.html#.UdoBkZZSCyA